quarta-feira, 15 de junho de 2011

E chegou a fase de acabamento!

Hoje, passei o dia inteiro na Rataplan, junto com  Isaú e sua brilhante equipe de trabalho, concluímos alguns serviços pendentes antes da estréia. Recebemos a notícia de que fomos contemplado com o edital de ocupação do Teatro Santa Roza! Esse edital veio em excelente momento, até porque, o investimento na peça está sendo alto, mas o resultado tenho certeza será maior ainda. Fui na arara de figurinos de Aurora, e peguei peça por peça para ajeitar, costurar e claro melhorar a funcionalidade das roupas. Sentir a energia das personagens ali na minha mão, é como estar em casa novamente. Desde que entrei na Cia, sempre fui muito interessado pelo cuidado com os figurinos e adereços dos espetáculos montados. Mesmo quando estava na técnica, sempre tive a preocupação de colocar tudo em seu devido lugar. E eu continuo a repetir esse ritual desde então. Viver cada momento do dia dentro do universo da peça, me possibilitou uma intimidade maior com o trabalho. Pesquisei alguns vídeos de comédia, algumas referências de cada personagem. Já entendi a métrica do espetáculo e a cada hora fica mais claro na minha cabeça a intenção da direção num ímpeto de pulso forte tomado hoje no ensaio. Fábio, nosso sonoplasta e Eloy, nosso iluminador, estiveram presentes no ensaio de hoje. Foi o gás a mais que eu precisava para destravar certas portas. Pela primeira vez, pude sentir a personagem da princesa Aurora; como foi bom e gratificante começar a enxergar, depois de tanto tempo, um caminho para a composição homogênea da persona. Aliás, diga-se de passagem, o ensaio de hoje rendeu divertidos improvisos, e fixou o que ainda estava solto. Descobri com a ajuda do diretor que a boa comédia não precisa de estereótipos, o exagero é uma faca de dois gumes, mas  a sutileza das ações, a calma para entender o que está acontecendo com a trajetória da personagem, me fez sentir um desejo de experimentar, mas dessa vez com um foco para alcançar. A entrada da personagem da Aurora, sempre foi uma barreira para mim, interpretar um ator, que interpreta uma garota rebelde de 16 anos, é um grande desafio, pois eu fico numa linha tênue entre o teatro de comédia infantil, entranhado em mim durante muitos anos, e o teatro de comédia adulta, onde a naturalidade da execução das ações transforma-se na melhor maneira de atingir o riso do público. Um simples ato de se imaginar em uma floresta, cercado por animais, flores e grandes ávores, e desses elementos imaginários tirar a essência da cena em sua totalidade, me fez descobrir que ainda sou capaz de construir elementos que irão me auxiliar no amadurecimento das personagens. Ao final do ensaio, com uma sensação de luz no fim do túnel, chamei o Eloy num canto e o questionei sobre minha interpretação, e claro, como ele, iluminou a primeira montagem da peça, além de conhecer a trama de cabo a rabo, ele conhecia bem o Alexandre Gomes, portanto, a opinião dele naquele momento era determinante para a continuação da minha simplória euforia. Perguntei a ele se em algum momento do ensaio ele notou algo de muito semelhante entre a interpretação que o Alexandre dava a peça com relação a minha. Fiquei aliviado quando ele disse que em apenas pequenos momentos conseguiu ver em minha atuação algo de identificação com o Alex. Digo alívio, porque somente eu sei das dificuldades encontradas por mim para fugir da fôrmula encontrada pelo ator, para solucianr as cenas, e das dificuldades enfrentadas pelo diretor, em reviver uma obra criada em parceria com o grande Alexandre. Fico orgulhoso de saber que se eu lembrei em algum momento o Alex, é que estou no caminho certo! E de onde ele estiver, sei que está torcendo para que tudo de certo. Por isso, eu tenho a certeza de que Acorda, Aurora! A Comédia! será uma grande homenagem a memória de um dos atores mais talentosos e versáteis que eu tive o priviégio de conhecer em toda minha vida. Obrigado Isaú, pela paciência e pelo companheirismo, obrigado Alexandre pela luz, e obrigado a todos que torcem para que o caminho desse novo espetáculo seja todo feito de tijolos amarelos.
Evoé meu povo.

Netto Ribeiro
In Process

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